O cenário actual de dispensação da teoria e da crítica de poesia – circunscritas, grosso modo, às formas discursivas dependentes da “produção” (identidades ou mercadoria) –, inversamente proporcional ao abuso da figura do poeta como capital cultural, não obvia a publicação de livros de poemas em que o texto poético é interrogado na sua própria condição de possibilidade. Do quinquénio 2014/2019, Pedro Serra selecciona seis poetas e respectivos livros por cujas poéticas passa a actualidade da poesia em língua portuguesa:
- Luís Quintais, O Vidro (2014);
- Armando Silva Carvalho, A Sombra do Mar(2015);
- Rosa Oliveira, Tardio (2017);
- Théodore Fraenckel [Fernando Guerreiro], Iluminuras (2018);
- Catarina Nunes de Almeida, Livro Redondo (2019)
- José Emílio-Nelson, O Amor Repugnante (2019).
Pedro Serra propõe um exercício de close reading de um conjunto de poemas recortados destes livros, sem os congregar por quaisquer ‘ares de família’. O fil rouge do exercício passa por um módico crítico: a noção de ‘estilo tardio’ (Adorno, Saïd), que os referidos livros atraem mas a que também resistem. Os textos e leituras de apoio serão previamente disponibilizados para permitir o debate.